terça-feira, 18 de setembro de 2012

Observações ao leitor


Observação: Odeio estrangeirismos. Todavia nesta historia foi absolutamente necessário o uso destes, tendo em vista que a cidade em que se passa a historia e mesmo o país não deve ser de modo algum divulgado. A inspiração veio de várias cidades e vários países, sendo assim, tenho em minha narrativa uma cidade multicultural.



Como vocês poderão ver, esse é o primeiro "rascunho" da minha história. Há erros, que serão corrigidos brevemente, o blog anulou o espaçamento do paragrafo e eu resolvi assim deixa-lo. A importância deste fragmento é introduzir e transmitir a ideia do resto de toda a narrativa.

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A ponta dos pés tocava suavemente o parapeito, seus dedos deslizavam, uma lagrima cai ao chão estava certa que seria a ultima. Seus dedos dos pés pressionavam-se contra o cimento, o outro pé avança para o parapeito. Expressa em seu olhar melancolia, o ultimo olhar para aquele ambiente de prospecto vivido, mas em contraste rostos mortos. Sempre uma direção certa, um passo mecânico após o outro, são todos mecânicos.
Vivido por luzes, mas triste pelo concreto, as janelas, pequenas jaulas luminosas. A luz, luz que tanto incomoda, por que tanta luz? Luzes irritam, o concreto entristece. Ela observa as pequenas janelas, algumas piscam outras projetam imagens coloridas provenientes de televisores, analgésicos em forma de som e luz.
O vento toca em seu cabelo e o afasta para trás, cantando em seu ouvido. Ela olha uma ultima vez para o rio. Sua expressão, antes de melancolia, se torna vazio, indecifrável. Olhos claros com um tom peculiar, embranquecido, da cor do reflexo das nuvens do crepúsculo no rio, branco, branco como a paz que logo a libertaria. As nuvens claras envoltas ao céu azul escuro, manchado com o ultimo raio de sol. Branco, a cor do rio, a cor de seus olhos a cor de sua dor. Era a ultima visão que teria, estende a mão como se segurasse aos braços do vento que cantava a doce canção do desfalecimento e de costas, se entrega calmamente.


2 12 de abril. Noite. Johan


2. 12 de abril. Noite. Johan.
- Suicídio certamente.
- É, aparentemente.
- Mais um.
- Mais dois, recebi um chamado há 10 minutos. Um adolescente em uma banheira drogou-se com vários comprimidos de ritalina, ficou inconsciente e consequentemente afogou-se.
-Criativo. – André ri.
Os bueiros exalam um vapor fétido, as arvores secas, o frio incessável, a rua pouco movimentada, os prédios empregam a arquitetura neoclássica. O ar é pesado e melancólico.
André acende um cigarro e oferece a Johan, ele recusa. Os olhos cansados de Johan fitam os estreitos becos do moribundo bairro. Ele tem cabelos grisalhos despenteados, profundas marcas escreveram a idade em seu rosto, olhos verdes acinzentados vazios e uma constante expressão de seriedade depressiva. Tinha um peso médio.
André afasta-se ultrapassando a faixa amarela, pega um bloco de papeis para rabiscar algo sobre o ocorrido com um olhar desinteressado. Anota dados básicos, datas, horários, posição do corpo Está entediado e pouco atento, a pericia cuidará do resto, pensa. Seu distintivo reflete a luz do poste ao olhar das janelas.
Olhos curiosos recobertos de cortinas observam a rua, o corpo envolto de uma lona preta, os fotógrafos, as pequenas placas enumeradas, como se tal situação se apresentasse incomum, novo. Não, era apenas a rotina, a incomum rotina.

3 12 de abril. Madrugada. André


3 12 de abril. Madrugada. André
André avançou o sinal, vermelho em sua moto preta, bancos de couro, estilo chopper. Usava óculos escuros, cabelos encaracolados, agitando-se ao vento. Uma mulher atraente de cabelos ruivos curtos, tatuagem tribal na coxa, uma pesada sombra nos olhos, batom roxo pircing no canto inferior do lábio, e outro no canto superior da orelha, um sorriso malicioso e sutil divide o acento de sua moto.
Adentraram em um pub rocker punk, sujo, cheio, mas incrivelmente agradável para aqueles que já se habituaram. Queens Sanitary era o nome.
-Duas doses de vodka.
-Anarquist Zombies eles são bons.
-É, são. -Disse André com o sabor ardente de vodka russa na sua garganta.
-Como foi o trabalho hoje ? Pergunta nara.
-Mais um. - Resmunga André.
-Entendo.
- Não sentir dor, livrar-se de toda a pressão, destituir-se de toda melancolia, vale a renegação à vida ?
Nara fita as antigas cicatrizes em seu pulso. – Ingênua pergunta a sua. – Sorriu. – Quando viver doí  a renegação a vida é um mecanismo de defesa quase involuntário em relação a dor.
- Logo o suicídio é uma reação simplesmente, natural, não faculta dela a razão? A questiona André.
- É complexo.
- É sua resposta pra o que não consegue responder. – André sorri.
- É minha resposta para o que não quero responder. Retrucou.
- Desculpe.
- Relaxe. – Nara esforçou-se para esboçar um sorriso reconfortante.

4 12 de abril. Madrugada. Johan.


4 12 de abril. Madrugada. Johan.
Uma caneca de chocolate quente mancha papéis com seu fundo molhado. Ó doce sabor da insônia. Johan fixa algumas noticia de jornal e copias de arquivos policiais em seu mural. Faz pesquisas no computador, não tentando realmente solucionar algo, apenas procura fugir do ócio.
A garota que se jogou do prédio a poucas horas atrás, sua mãe havia sido brutalmente assassinada há uma semana atrás. De acordo com evidencias, combinações de horários local e material genético encontrado na cena do crime, as investigações corriam de modo a filha que posteriormente se suicidara seria a principal suspeita.
Johan auxiliara as investigações do homicídio, uma agulha, uma machadinha e uma tesoura. Combinação peculiar. Recordava-se perfeitamente da cena, as vísceras trançadas no ventilador de teto as paredes recobertas de sangue. Um corpo recostado ao canto do quarto uma agulha acoplada a uma seringa na palma de uma das mãos. A barriga dilacerada, uma linha de intestino delgado corria de seu ventre ao ventilador, trançando-se em suas hélices e tocando levemente a cama em sua ponta. Uma poça de sangue marcava o centro da cama de modo a atravessar o tecido e o colchão, a gotejar no chão em baixo da mesma. O maxilar estava quebrado. Cinco dentes encontravam-se ao chão, ao lado do corpo. Em sua perna havia pequenos pontos de perfuração, provenientes de uma agulha. O olho encontrava-se fora do rosto com uma agulha e uma seringa em sua ponta. Moscas voavam em todo o quarto larvas e pequenos ovos de moscas se encontravam na obta vazia do olho e em suas vísceras. Os dedos dos pés estavam mutilados. Policiais experientes se ausentaram, sentiram ânsia de vomito e um caso particular desistiu da profissão, ninguém em vida deveria sentir tal cheiro.
O corpo havia sido encontrado em uma cabana pertencente a vitima. Margareth Simons. Ela e da filha Julie Simons utilizavam tais cabanas em reuniões de empresa. Uma grande firma de seguros de vida Vie Sécurité. Margareth era gerente e Julie coordenadora.
O telefone toca.
- Johan Baumann.
- Olá Johan, consegui novas informações sobre o caso Simons.
-Certo, prossiga.
-Foi encontrado um bilhete bem intrigante no apartamento de Simone. Vou lê-lo a você: Cada gota, quebra-se como sólida em pequenos fragmentos, que vagarosamente penetram em meu peito, de modo a emergir, sinto que eles querem sair, a vida quer ser livre. A vida se afasta, em partículas tão distantes, que se torna transparente. Invisível ao meu olhar cético. A sala branca.
-Realmente, bem intrigante.
-Bem Johan, qualquer novidade ligo central a você, havia também um desenho no bilhete o qual vou mandar agora pra você.
-Obrigado Charlotte.
Johan fita a imagem de uma porta branca com um corvo albino em seu computador, confuso, acende seu cachimbo com um forte e nobre tabaco nativo-americano e põe-se a pensar no significado do texto, e da imagem, a sala branca outra vez... Anéis de fumaça esbranquiçados saem de sua boca ressecada. O ambiente encontra-se mais pesado a cada tragada. Vagarosamente as nuvens se misturam com os papeis e as pequenas letras se desalinham, duplicam, dançando um soneto. Levanta, apaga o fumo e deita em sua cama. Negro.

5 13 de abril. Crepúsculo. André.


5 13 de abril. Crepúsculo. André.
André acorda com uma forte dor de cabeça. São 6h18 está quase atrasado para o trabalho na central. O quarto ao redor gira, ele cambaleia até o banheiro, lava o rosto, veste um uniforme meio sujo e sai em sua moto.
Entra na central bem desajeitado marca seu ponto e caminha em direção a maquina de café. Johan o vê e sorri cordialmente, as roupas exalam um forte cheiro de vodka, ele havia deixado elas próximas as roupas sujas da noite anterior.
- Responsável. - Johan diz com uma expressão debochada e alegre.
André dá de ombros e sorri. Eles andam em direção ao escritório compartilhado. Johan abre uma gaveta e retira uma pasta com um arquivo e liga o computador para acessar seus e-mails.
- Vê? - diz Johan.
- A sala branca outra vez ? - Indaga André.
- Sim. A pesquisa continua ?
- Claro.
- Foram 58 casos em dois meses, que nós conhecemos de suicídio relacionados a sala branca Cartas, bilhetes, pinturas. Olha, colecionei as frases mais peculiares.
“É uma escolha apenas. Apenas uma escolha, abra a porta, você estará cego surdo e anestesiado. A sala branca.”
“No nada, onde nada ocorre, nada se vê, nada se sente, és livre apenas para contemplar o branco”
“Sozinho. Não sobra nada além de min aqui. Qual o prazer¿ Uma masturbação mental ?
“A sala é minha mente, se ela é tudo o que eu vejo, o que sinto, e o que ouço então ela domina meus impulsos nervosos, talvez a fora tenha visões e prazeres, mas nada chega a min, por causa da maldita sala branca que está no meu cérebro, só preciso abri-lo fisicamente e tira-lo de lá, pois o psicologicamente individual não mais existe.”
- Este último suicidou-se com um machado, um golpe único na sua cabeça. E ainda tem muitas outras bem intrigantes. Diz Johan
 - Entendo. Mas até agora, só catalogamos e classificamos. O que seguir ¿ Salas com paredes brancas ¿ Resmunga André.
- Não, informações sobre os beneficiados com as mortes, e posições sociais que ocupavam. Eu tenho severas suspeitas da igreja protestante as claras portas do reino dos céus e a vie, sécurité seguros de vida.
- Por que essas instituições? E porque você não havia me falado antes, sobre essa suspeita¿ - Pergunta André.
- Todos eram envolvidos com a empresa de seguros, tinham um plano lá ou mesmo trabalhavam para a firma. 70% Dos mortos eram envolvidos diretamente com a igreja, os outros 30% tinham parentes próximos, ou alguma outra ligação. Com o detalhe de que o nome da igreja é bem sugestivo. Não te falei porque eu não tinha certeza, estava organizando o pensamento pra te falar. Diz Johan.
- E há alguma relação entre essas duas instituições?
Johan recosta-se na poltrona, olha para as paredes de cor marrom acidentado, uma cor bem neutra. Fita um bonsai de folhas brancas em sua mesa, respira profundamente, levanta seu olhar a André e diz: - Não, não até agora.
- Tem uma droga que faz o usuário ver tudo branco, ficar temporariamente cego. Lembra André.
- Sim, sim. Não havia lembrado dela, snow blind.
- Eu ia te falar, mas não tinha certeza, estava organizando o pensamento. Diz André ironicamente.