A sala branca.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
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terça-feira, 18 de setembro de 2012
Observações ao leitor
Observação: Odeio estrangeirismos.
Todavia nesta historia foi absolutamente necessário o uso destes, tendo em
vista que a cidade em que se passa a historia e mesmo o país não deve ser de
modo algum divulgado. A inspiração veio de várias cidades e vários países,
sendo assim, tenho em minha narrativa uma cidade multicultural.
Como vocês poderão ver, esse é o primeiro "rascunho" da minha história. Há erros, que serão corrigidos brevemente, o blog anulou o espaçamento do paragrafo e eu resolvi assim deixa-lo. A importância deste fragmento é introduzir e transmitir a ideia do resto de toda a narrativa.
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A ponta dos pés tocava suavemente o parapeito, seus dedos deslizavam, uma lagrima cai ao chão estava certa que seria a ultima. Seus dedos dos pés pressionavam-se contra o cimento, o outro pé avança para o parapeito. Expressa em seu olhar melancolia, o ultimo olhar para aquele ambiente de prospecto vivido, mas em contraste rostos mortos. Sempre uma direção certa, um passo mecânico após o outro, são todos mecânicos.
A ponta dos pés tocava suavemente o parapeito, seus dedos deslizavam, uma lagrima cai ao chão estava certa que seria a ultima. Seus dedos dos pés pressionavam-se contra o cimento, o outro pé avança para o parapeito. Expressa em seu olhar melancolia, o ultimo olhar para aquele ambiente de prospecto vivido, mas em contraste rostos mortos. Sempre uma direção certa, um passo mecânico após o outro, são todos mecânicos.
Vivido
por luzes, mas triste pelo concreto, as janelas, pequenas jaulas luminosas. A
luz, luz que tanto incomoda, por que tanta luz? Luzes irritam, o concreto
entristece. Ela observa as pequenas janelas, algumas piscam outras projetam
imagens coloridas provenientes de televisores, analgésicos em forma de som e
luz.
O
vento toca em seu cabelo e o afasta para trás, cantando em seu ouvido. Ela olha
uma ultima vez para o rio. Sua expressão, antes de melancolia, se torna vazio,
indecifrável. Olhos claros com um tom peculiar, embranquecido, da cor do
reflexo das nuvens do crepúsculo no rio, branco, branco como a paz que logo a
libertaria. As nuvens claras envoltas ao céu azul escuro, manchado com o ultimo
raio de sol. Branco, a cor do rio, a cor de seus olhos a cor de sua dor. Era a
ultima visão que teria, estende a mão como se segurasse aos braços do vento que
cantava a doce canção do desfalecimento e de costas, se entrega calmamente.
2 12 de abril. Noite. Johan
2.
12 de abril. Noite. Johan.
-
Suicídio certamente.
- É, aparentemente.
- Mais um.
- Mais
dois, recebi um chamado há 10 minutos. Um adolescente em uma banheira drogou-se
com vários comprimidos de ritalina, ficou inconsciente e consequentemente
afogou-se.
-Criativo.
– André ri.
Os bueiros
exalam um vapor fétido, as arvores secas, o frio incessável, a rua pouco
movimentada, os prédios empregam a arquitetura neoclássica. O ar é pesado e
melancólico.
André
acende um cigarro e oferece a Johan, ele recusa. Os olhos cansados de Johan
fitam os estreitos becos do moribundo bairro. Ele tem cabelos grisalhos
despenteados, profundas marcas escreveram a idade em seu rosto, olhos verdes
acinzentados vazios e uma constante expressão de seriedade depressiva. Tinha um
peso médio.
André
afasta-se ultrapassando a faixa amarela, pega um bloco de papeis para rabiscar
algo sobre o ocorrido com um olhar desinteressado. Anota dados básicos, datas,
horários, posição do corpo Está entediado e pouco atento, a pericia cuidará do
resto, pensa. Seu distintivo reflete a luz do poste ao olhar das janelas.
Olhos
curiosos recobertos de cortinas observam a rua, o corpo envolto de uma lona preta,
os fotógrafos, as pequenas placas enumeradas, como se tal situação se
apresentasse incomum, novo. Não, era apenas a rotina, a incomum rotina.
3 12 de abril. Madrugada. André
3 12 de
abril. Madrugada. André
André
avançou o sinal, vermelho em sua moto preta, bancos de couro, estilo chopper.
Usava óculos escuros, cabelos encaracolados, agitando-se ao vento. Uma mulher
atraente de cabelos ruivos curtos, tatuagem tribal na coxa, uma pesada sombra
nos olhos, batom roxo pircing no canto inferior do lábio, e outro no canto
superior da orelha, um sorriso malicioso e sutil divide o acento de sua moto.
Adentraram
em um pub rocker punk, sujo, cheio, mas incrivelmente agradável para aqueles
que já se habituaram. Queens Sanitary era o nome.
-Duas doses
de vodka.
-Anarquist
Zombies eles são bons.
-É, são.
-Disse André com o sabor ardente de vodka russa na sua garganta.
-Como foi o
trabalho hoje ? Pergunta nara.
-Mais um. -
Resmunga André.
-Entendo.
- Não
sentir dor, livrar-se de toda a pressão, destituir-se de toda melancolia, vale
a renegação à vida ?
Nara fita
as antigas cicatrizes em seu pulso. – Ingênua pergunta a sua. – Sorriu. –
Quando viver doí a renegação a vida é um mecanismo de defesa quase
involuntário em relação a dor.
- Logo o
suicídio é uma reação simplesmente, natural, não faculta dela a razão? A
questiona André.
- É
complexo.
- É sua
resposta pra o que não consegue responder. – André sorri.
- É minha
resposta para o que não quero responder. Retrucou.
- Desculpe.
- Relaxe. –
Nara esforçou-se para esboçar um sorriso reconfortante.
4 12 de abril. Madrugada. Johan.
4 12 de
abril. Madrugada. Johan.
Uma caneca
de chocolate quente mancha papéis com seu fundo molhado. Ó doce sabor da
insônia. Johan fixa algumas noticia de jornal e copias de arquivos policiais em
seu mural. Faz pesquisas no computador, não tentando realmente solucionar algo,
apenas procura fugir do ócio.
A garota
que se jogou do prédio a poucas horas atrás, sua mãe havia sido brutalmente
assassinada há uma semana atrás. De acordo com evidencias, combinações de
horários local e material genético encontrado na cena do crime, as
investigações corriam de modo a filha que posteriormente se suicidara seria a
principal suspeita.
Johan
auxiliara as investigações do homicídio, uma agulha, uma machadinha e uma
tesoura. Combinação peculiar. Recordava-se perfeitamente da cena, as vísceras
trançadas no ventilador de teto as paredes recobertas de sangue. Um corpo
recostado ao canto do quarto uma agulha acoplada a uma seringa na palma de uma
das mãos. A barriga dilacerada, uma linha de intestino delgado corria de seu
ventre ao ventilador, trançando-se em suas hélices e tocando levemente a cama
em sua ponta. Uma poça de sangue marcava o centro da cama de modo a atravessar
o tecido e o colchão, a gotejar no chão em baixo da mesma. O maxilar estava
quebrado. Cinco dentes encontravam-se ao chão, ao lado do corpo. Em sua perna
havia pequenos pontos de perfuração, provenientes de uma agulha. O olho
encontrava-se fora do rosto com uma agulha e uma seringa em sua ponta. Moscas
voavam em todo o quarto larvas e pequenos ovos de moscas se encontravam na obta
vazia do olho e em suas vísceras. Os dedos dos pés estavam mutilados. Policiais
experientes se ausentaram, sentiram ânsia de vomito e um caso particular
desistiu da profissão, ninguém em vida deveria sentir tal cheiro.
O corpo
havia sido encontrado em uma cabana pertencente a vitima. Margareth Simons. Ela
e da filha Julie Simons utilizavam tais cabanas em reuniões de empresa. Uma
grande firma de seguros de vida Vie Sécurité. Margareth era gerente e Julie
coordenadora.
O telefone
toca.
- Johan
Baumann.
- Olá
Johan, consegui novas informações sobre o caso Simons.
-Certo,
prossiga.
-Foi
encontrado um bilhete bem intrigante no apartamento de Simone. Vou lê-lo a
você: Cada gota, quebra-se como sólida em pequenos fragmentos, que
vagarosamente penetram em meu peito, de modo a emergir, sinto que eles querem
sair, a vida quer ser livre. A vida se afasta, em partículas tão distantes, que
se torna transparente. Invisível ao meu olhar cético. A sala branca.
-Realmente,
bem intrigante.
-Bem Johan,
qualquer novidade ligo central a você, havia também um desenho no bilhete o
qual vou mandar agora pra você.
-Obrigado
Charlotte.
Johan fita
a imagem de uma porta branca com um corvo albino em seu computador, confuso,
acende seu cachimbo com um forte e nobre tabaco nativo-americano e põe-se a
pensar no significado do texto, e da imagem, a sala branca outra vez... Anéis
de fumaça esbranquiçados saem de sua boca ressecada. O ambiente encontra-se
mais pesado a cada tragada. Vagarosamente as nuvens se misturam com os papeis e
as pequenas letras se desalinham, duplicam, dançando um soneto. Levanta, apaga
o fumo e deita em sua cama. Negro.
5 13 de abril. Crepúsculo. André.
5 13 de
abril. Crepúsculo. André.
André
acorda com uma forte dor de cabeça. São 6h18 está quase atrasado para o
trabalho na central. O quarto ao redor gira, ele cambaleia até o banheiro, lava
o rosto, veste um uniforme meio sujo e sai em sua moto.
Entra na
central bem desajeitado marca seu ponto e caminha em direção a maquina de café.
Johan o vê e sorri cordialmente, as roupas exalam um forte cheiro de vodka, ele
havia deixado elas próximas as roupas sujas da noite anterior.
-
Responsável. - Johan diz com uma expressão debochada e alegre.
André dá de
ombros e sorri. Eles andam em direção ao escritório compartilhado. Johan abre
uma gaveta e retira uma pasta com um arquivo e liga o computador para acessar
seus e-mails.
- Vê? - diz
Johan.
- A sala
branca outra vez ? - Indaga André.
- Sim. A
pesquisa continua ?
- Claro.
- Foram 58
casos em dois meses, que nós conhecemos de suicídio relacionados a sala branca
Cartas, bilhetes, pinturas. Olha, colecionei as frases mais peculiares.
“É uma
escolha apenas. Apenas uma escolha, abra a porta, você estará cego surdo e
anestesiado. A sala branca.”
“No nada,
onde nada ocorre, nada se vê, nada se sente, és livre apenas para contemplar o
branco”
“Sozinho.
Não sobra nada além de min aqui. Qual o prazer¿ Uma masturbação mental ?
“A sala é
minha mente, se ela é tudo o que eu vejo, o que sinto, e o que ouço então ela
domina meus impulsos nervosos, talvez a fora tenha visões e prazeres, mas nada
chega a min, por causa da maldita sala branca que está no meu cérebro, só
preciso abri-lo fisicamente e tira-lo de lá, pois o psicologicamente individual
não mais existe.”
- Este
último suicidou-se com um machado, um golpe único na sua cabeça. E ainda tem
muitas outras bem intrigantes. Diz Johan
- Entendo. Mas até agora, só catalogamos e
classificamos. O que seguir ¿ Salas com paredes brancas ¿ Resmunga André.
- Não,
informações sobre os beneficiados com as mortes, e posições sociais que
ocupavam. Eu tenho severas suspeitas da igreja protestante as claras portas do
reino dos céus e a vie, sécurité seguros de vida.
- Por que
essas instituições? E porque você não havia me falado antes, sobre essa
suspeita¿ - Pergunta André.
- Todos
eram envolvidos com a empresa de seguros, tinham um plano lá ou mesmo
trabalhavam para a firma. 70% Dos mortos eram envolvidos diretamente com a
igreja, os outros 30% tinham parentes próximos, ou alguma outra ligação. Com o
detalhe de que o nome da igreja é bem sugestivo. Não te falei porque eu não
tinha certeza, estava organizando o pensamento pra te falar. Diz Johan.
- E há
alguma relação entre essas duas instituições?
Johan
recosta-se na poltrona, olha para as paredes de cor marrom acidentado, uma cor
bem neutra. Fita um bonsai de folhas brancas em sua mesa, respira
profundamente, levanta seu olhar a André e diz: - Não, não até agora.
- Tem uma
droga que faz o usuário ver tudo branco, ficar temporariamente cego. Lembra
André.
- Sim, sim.
Não havia lembrado dela, snow blind.
- Eu ia te
falar, mas não tinha certeza, estava organizando o pensamento. Diz André
ironicamente.
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